quarta-feira, 26 de março de 2008

Metamorfoseante

Acordo de mau-humor
Sobrancelhas franzidas sempre
Olhos semi-aberto porque a claridade do dia os afetam por demais
Daí você já pode concluir o que me levar a ser um cara que adora a noite
Mas sempre de olhos bem abertos

Sou um ser pensante,
Aliás, detesto tudo que não pense ou não me leve a pensar,
Sempre pra frente, sempre pensando, compartilhando e aprendendo.

Sou angustiado por natureza,
Muitas idéias sempre! Vivo num eterno “brainstorm”
Por isso muitas vezes o silêncio

Deixei para trás muitas coisas
Por opção, por ocasião, por necessidade, por imposição
De uma forma ou de outra a gente sempre acaba se adaptando e descobre que Charles Darwin, de uma forma ou de outra, estava certo em suas afirmações... precisamos sobreviver!

Muitas das coisas que vivi lá atrás, trago comigo sempre
Mesmo que estejam guardadas dentro de um bauzinho azul com um cadeado
Vez ou outra me pego relendo minhas lembranças e revivendo o que lembrei com a máxima precisão...
Sou a soma de tudo que fui... a mutação de um ser

Adoro trabalho... preciso participar e ajudar
Mas também preciso de férias a cada seis meses
É o tempo máximo que consigo tolerar-me numa rotina... mesmo que progressista
Chega uma hora que começo a dar “tilt”
E daí em diante o cérebro funde...

Mas preciso mais ainda de som, praia, campo e montanha
Preciso de um dia claro, boas ondas no mar e uma galera pra tirar uma onda
Preciso de verde, rede, cavalgar, vacas e cheiro de bosta de vaca e um churrasco de vaca cagona...
Preciso de serra, caminhar entre arvores, ouvir os pássaros bem de perto, barulho de água caindo, cachoeira e acampamento...
Preciso de bebida, cigarro e... the doors topado “nos último”, pode ser também led zeppelin ou raul... mas se não tiver, adoraria djavan

Sou simples
Não tenho frescuras e detesto quem tem... e me desculpem os frescos!
Meu traje: chinelos, bermudas e regatas... sem muito ti ti ti

Fui pobre... mas pobre mesmo
Não que eu queira dizer que hoje eu seja rico, mas com certeza sou bem menos pobre do que era antes

Sou lutador e perseverante
E por toda essa luta e perseverança que aprendi a ter, “the Oscar goes to...” meu pai e minha mãe, que nunca desistiram de seguir em frente mesmo diante de tantas barreiras e puxadas de tapete... a eles a minha eterna gratidão! Por terem insistido e apostado em mim e me fazer olhar melhor para o mundo, para mim e por eu ser um Ser que Pensa!
A minha querida irmã... toda a cumplicidade e o carinho que um ser humano pode ter... inclusive todos os defeitos com os quais temos que aprender a conviver – minha eterna aprendiz...
Não consigo dedicar somente um parágrafo de três ou quatro linhas para eles porque eles contribuíram com 50% para o que sou...

Ou outros 50%... foi tipo “do by your self”

Aprendi a gostar de lugares sem muitas pessoas, sem gritaria, no máximo um sonzinho legal no background e uma cerva bem relax...
Tenho aversão a locais com Babado Novo, Chiclete com Banana, Asa de Águia e coisas parecidas com “é o bicho é o bicho”, “a dança da manivela”... e se passarem na minha porta é ovada na certa... acho essa uma das formas de me lembrar de como eu ainda sou uma criança, um menino... vou ficar idoso e jogando ovo em trio elétrico... (risos)
Tá! Tudo bem! Eu admito que raramente eu vou pra esses conglomerados de suor, gente demais embriagada demais e cheiro de lança-perfume no ar... mas é só pra eu não me sentir cafona de mais ou um radical extremista!

Gosto de me apaixonar... e viver um love story
Mas no que concerne ao coração... humm
Não gosto nem de mexer nisso!
Até porque essa não é a hora.

Gosto dos beijos mais intensos
Dos perfumes mais marcantes
Das loucuras mais proibidas
Dos desejos mais latentes
Das dores mais amenas
Dos momentos mais intensos
Das risadas mais altas
Do silencio mais marcante
Do olhar mais profundo
Da beleza mais sublime
E tenho os sonhos mais reais que um sonhador pode ter

“Eu sou, eu vou, eu quero e eu vou conseguir”
Esse é o meu lema e parte do que sou: Perseverança
Não me gabo disso, mas acho bacana...
Quando quero alguma coisa, sai da frente

Gosto de jogar abertamente
Não gosto de movimentos bruscos ou suspeitos perto de mim
Estou sempre atento a qualquer movimento, pessoa ou objeto
Sou extremamente visual, principalmente a noite

Sou realista e sonhador; trancados dentro de um quarto escuro
Penso, sonho... e tento realizar...
Aprendi a admitir minhas derrotas e aceita-las com serenidade
Aprendi a defender minhas opiniões e opções...
E quem não gostar... aprenda a aceitar com serenidade
Não sou 100% oposição...
Também aprendi a assimilar outros pontos de vistas
A fazer sínteses e que o melhor método é o da tentativa e erro; salvo seguras previsões

Sou amigo. Tenho amigos.
Para se contar a toda hora,
Daqueles eternos e irmãos...
Muitos deles estão afastados outros tão próximos...
Mas vivos o suficiente para que eu lembre exatamente como eles são e de como eu os amo... independentemente de distância

Filhos. Na verdade filha...
A gente nunca imagina o que nós representamos para os nossos pais até que, de repente, somos pai, mãe, professores de um Ser que simplesmente É.
É como se tudo e todos os nossos motivos e esforços passassem a ser por, para, na intenção, por causa de... são nossas referências, do que fomos, somos e seremos... tudo depende de, e é por, e será para... não há como fugir... e tudo o que há em nós passa a ser eles e deles.

Adoro conversar em um ritmo,
Sorrir, dançar, cantar e ouvir... tudo em seu ritmo
A própria vida tem o dela...

...e por isso sou feito de vida e de natureza;
Sempre fui essa metamorfose ambulante que aprendi a ser...
Sou o que sou, o que penso e o que digo...
O que é muito melhor do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo!

allys 29.09.06

terça-feira, 25 de março de 2008

Reencontro

;Havíamos desistido daquela nossa situação, eu pensei em esquecê-la, mas por ingenuidade não percebi era impossível esse feito. Metamorfoseei várias e várias vezes, me escondendo em meu casulo e tornando a liberdade ao anoitecer. Precisei de energia, água e comida, mas sem saber onde sequer procurar. Procurava uma linguagem simples que atendesse perfeitamente o meu ser, sem me atentar para o velho dicionário Aurélio da Língua Portuguesa que me observava inusitadamente a cada rabiscada.
Tranqüila e embriagadamente eu seguia meu caminho, fiz dezenas de cursos e amizades, me envolvi com quem me deu oportunidade e ganhei todas as mulheres que Eu quis. Por uma dezena me deixei cair em tentação sabendo que era arriscado de mais para seguir em frente. Apaixonadamente perdido encontrava o que eu queria quase sempre sem se dar conta de que faltava uma última peça em meu quebra-cabeça.
Esticava o tempo e retorcia o mar, por não ter idéia onde funestamente eu iria te encontrar. Por certo vários foram nossos encontros. Nos tornamos guepardos caçadores nas savanas concretas, um atrás do outro. Tu me aguardavas em ti; em mim, eu não sabia onde me encontrar. Sempre caído por aí sobre a mesa de um botequim qualquer não me faltavam línguas para pensar o que eu queria te dizer.
Nosso tempo ia ficando parado e o futuro, seguindo o passado, ia correndo atrás do próprio rabo. Eu que não queria uma dor de cabeça infernal numa sexta-feira após o expediente. Mas tudo vinha em minha direção. Lá na frente eu sequer imaginei com seria essa sensação.
Pesei. Já me extrapolavam as inúmeras cartelas de lexotan para aliviar aquela insônia ou qualquer dor. Não queria baixar a cabeça para tudo; era somente para me reservar ao direito de Estar Só.
Pisquei, e lá estava parado à porta da tua casa com uma latinha de coragem na mão esperando que me empurrasse escada acima. Fiquei diante de tua porta e por mais de uma era fiquei com os pés plantados em teu jardim. Não saberia o que me aguardava atrás da porta número 03. Resolvi arriscar. As mãos estavam tão tremulas que não consegui apertar menos que 03 vezes a campainha. “E agora o que será de mim? O que eu digo?” Pensei. Mas senti que a porta abria lentamente. Antes o olho-mágico já havia escurecido... quando eu “Por favor... – No andar de baixo!” Nossa. Não entendi por que diabos um olho-mágico, caolho, possuía clarividência.
“Ok. Vou descer”. E lá ia eu descendo a escadaria, parecendo uma romaria, batendo as pontas dos dedos polegares com os indicadores querendo acalmar a pressa. Abriste a porta antes mesmo que eu pusesse qualquer parte de mim ante o objetivo de te chamar.
Respirei. O sangue na bochecha já fervia escaldantemente na bofetada que eu esperaria levar. Mas não. Em troca recebi um olhar tão intrigante que me intriguei mesmo depois do “ENTRA”! Céus, eu me perguntava, mas era quase que uma afirmação, eu sou louco!?
Não sabia por onde começar. Em tese o começo já havia acontecido e terminado, apenas eu que não havia me situado, embora houvesse passado muito tempo apurando o acontecido.
Eu disse!
Ela sentiu que fui honesto.
Fui sem qualquer pretensão de satisfazer minhas intenções.
Não pedi. Nem reagi.
Só queria que em silêncio ela me dissesse o que sentia.
Foi quando ela me respondeu, muito pausadamente, num ápice bucólico mesclado com uma respiração um tanto medieval, como se já tivesse também ensaiado toda aquela situação e tudo o que diria se ali estivesse. Tomou um pouco de ar e com a voz tremula e pausada me disse:
“E eu que só queria te abraçar.
Poder te beijar e estar ao teu lado.
Compartilhar... um sorriso e... e... e... chorar as tuas lágrimas.
Não queria nada... nada além do impossível.
Acariciar tua pele macia e sentir o teu aroma suave e másculo... como a vontade que dá no cheiro de café ao amanhecer.
Queria te acompanhar nessa sua jornada incrível e perigosa”.
Por um segundo eu senti como o despencar em vão livre, sem fim, como naqueles sonhos que sonhamos caindo de algum lugar, até que, na mesma sonolenta e indescritível sensação, eu caí nestas palavras.
“Só queria estar do seu lado para cuidar de você”.
E eu que apenas queria te rever com um aperto de mão seguido de dois beijos frios em cada lado de tua face glacial, sem relutar numa despedida em um gostoso abraço forte e apertado com um imensurável sabor de quero mais.
Saí dali desacordado e sem noção de onde eu estava.
Passei dias num processo de RW e FF em minha memória, sem saber que eu estava desencadeando um processo de inquietude silenciosa e que cedo ou tarde eu não poderia controlar.
Eu queria desistir. Não poderia cavar tão fundo atrás de algo, não com as minhas próprias mãos. Foi quando eu decidir te ligar e pedir uma ajuda nessa minha busca. Nos encontramos novamente, te expliquei meus motivos e senti que estarias nessa comigo.
Desenterramos tudo o que era comum a ambos, nesse meio termo soubemos em estilo release o que andávamos fazendo no período que estivemos escondidos em nossa salva-vida. Chegamos ao fundo e nos encontramos lá embaixo. Eu comigo e ela consigo. Nos confessamos e percebemos que algo extremamente burocrático nos impedia de dar o próximo passo. Tão latente quanto permanecera em mim, tive absoluta certeza de que eu também estava impregnado naquela sensação que sentira ao estarmos a sós.
Paramos.
Não havia sequer condições de um olhar olho-no-olho. Havia o medo de um pecado. Pecado tão desejado e prazeroso, mas tão fundamentado para aquele momento.
Por um instante eu te abraçava, te beijava o pescoço vagarosamente e sentia teu corpo suspirar em busca do meu. Eu ouvia teu corpo me chamar sem nenhum sentido quando o meu buscava o teu. Naquele fechar de olhos, eu te devorei. Te beijava por completo acariciando teu corpo tremulo e colado ao meu. Retirava pau-sa-da-men-te tua camiseta preta e enquanto minha língua insaciável saboreava seu pescoço amadeirado; agarrava tua cintura e comprimia teu corpo ao meu enquanto nós podíamos sentir... te larguei. Não sei como, mas consegui. Pretendia não sair nunca daquele pensamento. Mas haviam as conseqüências ainda por vir; para ambos.
- Só para acabar logo com isso...
- Não me procures mais!
- Eu vou fazer o mesmo.
- Irei tentar. Mas se aquela vontade me tentar... ainda assim vou continuar resistindo, mesmo não querendo.
- É sério...
- Só farei isso quando tiver certeza de uma liberdade que não me faça parar.
- Eu não posso agora... vamos esperar mais um pouco... vamos dar um rumo pra os nossos caminhos, fazer nossas escolhas independente, e caso algum dia aconteça...
- Isso! Continuarei te desejando da mesma maneira
- Ai meu deus...
- Mesmo sabendo que não poderei tê-la em meus braços ao menos agora que o desejo está tão latente em mim...
- Quem sabe um dia... mas vamos acalmar as coisas que eu já não estou me segurando...
- Eu sei desse dia... mas agora devo me contentar somente em imaginar dezenas de cenas desse nosso vídeo-clipe surreal... aquele “contentamento descontente”...
- Você é demais!
- ...que meu corpo pede o teu e minha mente ilimitada não se permite não ir mais além.
- Então vá... eu te permito ir e espero que me permitas também, com a condição de que nunca se esqueças de que através de um abraço a gente pode muito mais além do que simplesmente estar lá...
- ...com certeza. Não tenhas duvida de que você foi desejado da mesma forma
- Quero você; e quero agora!




Allys 06.09.06

segunda-feira, 17 de março de 2008

A indefinição

Preso.
Prisão.
Abstinação.
Saudade.
Cala-frio (shhhh).
Desilusão.

Vontade.
Dever.
Coragem.
Falta de coragem.

Nascer.
Crescer.
Viver, apodrecer e morrer.

Resistir.
Desistir.

Rever.
Reviver.
Abraçar.
Relembrar.

Cansaço.
Destreza.
Limpeza.

Relaxa.
Tenta.
Levanta.
Anda.
Nada de cama.

Beijo.
Tesão.
Alucinação.
Sexo, sexo, sexo.

Alma.
Viva.
Sobreviva.
Calma.

Lucidez.
Nada disso.
Embriagues.

Passa.
Trapaça.
Desgraça.
Sem graça.

Esconder.
Achar.
Mentir.
Nunca afirmar.
Sempre negar.

Libertar.
Querer.
Poder.
Dever.
Não fazer, por quê?

Eu quero.
Faço.
Arregaço.
Qualquer bagaço.
E até cabaço.

Pena.
Foi pequena.
Menina linda não me afugenta.
Vem cá do meu ‘ladin’

Tortura.
Puxa tudo.
Tira essas gorduras.
Põe puta pra julgar.
Ministro pra dar.
E presidente pra estudar.

Quero garantir o meu lugar.
Que nenhuma quenga perneta venha disputar.
Se quiser, vá pra lá.
Não tem nem hímen.

Aqui jaz, alguém que ainda faz.

Estádio de futebol lotado.
Pebolim para otário.
Distração para alienado.
Eu ganho dinheiro é aqui do outro lado.

Avesso.
Contrário às avessas.
De cabeça para baixo.
De cabeça para baixo.
Mundo muito óbvio.
Dor de cabeça.
Remédio para enxaqueca.
E um torrador de neurônio para mim.
Por-fa-vor.

Não ouviu?
Eu sou obrigado?
Como assim?
Não tem nada a ver?
Quer tentar me entender?
Não tenta?
Porque não tenta?

Vem me salvar.
Me tira desse lugar.
Quero tentar amar.
Quero tentar beijar.
Não precisa transar.
Basta me salvar.
Tenho saudade.
Muita saudade.
Infinita saudade.
Não desiste.
Não me deixa desistir.
Não precisa que seja assim.
É só me tocar.
Pra que eu possa sentir.
Sem ter que mentir.
Sem ter que negar.
Não me deixa implorar.
Mas se você quiser.
Só se quiser, eu IM-PLO-RO!
Sei que não vai ser preciso.
Sabes que vou contigo.
Eu vou me afogar.
Mas só se você não me procurar.
Sinto que vens.
Sinto aquele bolor gélido no estomago.
Calafrios.
É você.
Sei que estás aqui.
Olha!
Senti o seu cheiro, seu aroma de canela e mel.
É você.
Estou aqui.

Num dia eu nasci, logo n’outro morri.
Não sei quanto tempo ficarei aqui.
Mas terei que partir.
Com ou sem.
Terei que ir.
Meu caminho, só eu posso seguir.
Mas a vida sem ti.
É como embuchar sem parir.




Allys 09.01.06