quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mongbert e o Baile de Máscaras

Nessa minisérie do bem... ou do mal, ao fundo, sentia-se aquela vibração estonteante ("ando, meio desligado, eu nem sinto meus pés no chão... olho... e não vejo nada..."), como se reencarnasse Gaia em um paradigma bem comum.
Estávamos todos embriagados, espremidos dentro do saguão aguardando o abrir das cochias em meio ao furdunço do outro lado. Olhamos entre as brechas que nos dão acesso à platéia e não vimos ninguém, vamos continuar!
O espetáculo se passaria num tempo distante em meio a juventude largada, lutando por todas as liberdades que temos agora, e não era preciso mais ninguém para aplaudir, o espetáculo se daria ao passo que conquistássemos novos dissidentes.
Nos verões, não havia lugar para ir, as praias, sem acesso, já estavam agora todas repletas de turistas intransigentes e amaldiçoados, conservadorezinhos de merda que chegam para esculhambar mesmo.
E o buon apetit!? Não vinha nem escondido!
Assolavam a Residência do Baile de Máscaras, todas as barafundas que não se via por trás das cochias. Tudo muito elegante e mal intencionado, diga-se!
Os açoites, as veras mal engendradas, o pretérito todo imperfeito, mal resolvido e largado ao esquecimento; e assim, passariam os anos naquele longo inverno de chuvas caudalosas, os passarinhos, cada qual em sua gaiola.
A falta de fazer falta já fora substituída pela falta de ser feliz: o pierrot, pobre coitado, fatídico! mas desta vez, não iria mais a baile algum, nem aí, criatura viscosa que se rasteja tranquilamente sobre o lixo: ali não pertente, ali não o importa.
Muito vagarosamente vai se encontrando entre linhas e pontos e crucifixos, tentando achar seu lugar sob o âmbar, um pouco mais afastado do centro do palco, porque também gostava de ver.
Foco, a cigarreta desempenhando seu papel com fidelidade, a fumaça levemente espirada, o silêncio diante de tanta elegância ("...eu não vejo a hora de te dizer, aquilo tudo que eu decorei...")... a força de um olhar, e tudo viraria estátua e todos dispostos a apreciar.
Logo depois do ocorrido em Madre Sant'Monica não foi preciso sair, pois uma vez que já se está fora, sair mesmo, só por formalidade.
Estariam presos, não fosse uma pena que caísse sobre a mesa.
E assim foi, assobiando sua música favorita, o nobre Mongbert seguir rio a cima, em busca do que só iria para comprovar: não havia máscaras que lhe servisse e, por isso, o Grande Baile, não era o seu lugar.